Enquadramento da Prática da Terapia Ocupacional




O Terapeuta Ocupacional para guiar uma sessão de avaliação pode seguir guiões estruturados propostos em diversas abordagens mas também pode basear-se na EPTO e na CIF na elaboração de um guião para conduzir a sessão de avaliação. Estes documentos permitem fazer uma “check list” das competências a avaliar.




O Enquadramento da Prática da Terapia Ocupacional: Domínio e Processo é a evolução lógica de uma série de documentos que têm sido desenvolvidos nas últimas décadas para promover uma maior consistência no objecto e terminologia da profissão (Terapia Ocupacional). O Enquadramento foi desenvolvido em resposta às actuais necessidades práticas – necessidade de afirmar e articular de forma mais clara a ênfase principal da Terapia Ocupacional na ocupação e nas actividades da vida diária e na aplicação de um processo de intervenção que facilite o envolvimento na ocupação para suporte à participação na vida.
O EPTO é um documento que tem como objectivos descrever o domínio que centra e suporta a ênfase e as acções da profissão; delinear o processo de avaliação e intervenção da Terapia Ocupacional que é dinâmico e está ligado à ênfase da profissão na utilização da ocupação. O domínio e processo são necessariamente interdependentes, com o domínio a definir a área de actividade humana para a qual o processo é aplicado, é dirigido tanto para audiências internas como externas (ESTSP-IPP, 2002).


O Domínio Da Terapia Ocupacional

O domínio “consiste naquelas áreas de experiência humana nas quais os praticantes da profissão oferecem assistência a outros” os terapeutas ocupacionais centram a sua actuação no apoio às pessoas com o objectivo de estas se envolverem nas actividades da vida diária que consideram significativas e objectivas. O domínio da Terapia Ocupacional advém do interesse da profissão na capacidade dos seres humanos se envolverem actividades da vida diária.
Os terapeutas ocupacionais acreditam que a sua especialização reside na aplicação do seu conhecimento sobre o desempenho humano e nos efeitos da doença e da incapacidade, envolvimento na ocupação através do desempenho nas actividades da vida diária e nas suas competências para trabalhar com pessoas de forma a alterar o seu desempenho. As mudanças no desempenho são dirigidas de forma a apoiar o envolvimento em ocupações significativas e, consequentemente, afectam a saúde, o bem-estar e a satisfação na vida.
A profissão vê a ocupação tanto como um meio como um fim. O processo de promover uma intervenção de Terapia Ocupacional pode envolver o uso terapêutico de ocupação como “meio” ou como método para modificar o desempenho. O “fim” do processo de intervenção da Terapia Ocupacional ocorre com o cliente a melhorar o seu envolvimento em ocupações significativas.
Tanto o termo ocupação como o termo actividade são utilizados por terapeutas ocupacionais. No entanto, acredita-se que ocupações são diferentes de actividades.
Ocupações são, geralmente, vistas como actividades que têm um significado e objectivo únicos na vida de uma pessoa. As ocupações são essenciais para a identidade e competência de uma pessoa, influenciando a forma como cada um ocupa o seu tempo e toma decisões. O termo actividade descreve uma classe geral de acções humanas que são realizadas com um fim. Uma pessoa pode participar em actividades para alcançar um objectivo, mas estas actividades não assumem um plano de importância central ou significado para a pessoa.




DOMÍNIO DA TERAPIA OCUPACIONAL



Envolvimento na Ocupação para Suporte à Participação em Contexto ou Contextos

Desempenho em Áreas de Ocupação
Actividades da vida diária (AVD)
Actividades da vida diária instrumentais (AVDI)
Educação
Trabalho
Brincar
Lazer
Participação Social

Competências de Desempenho
Competências Motoras
Competências de Processo
Competências de Comunicação/Interacção

Padrões de Desempenho
Hábitos
Rotinas
Papeis

Contexto
Cultural
Físico
Social
Pessoal
Espiritual
Temporal
Virtual

Requisitos para a Actividade
Objectos utilizados e suas propriedades
Requisitos espaciais
Requisitos sociais
Sequência e tempo
Acções requeridas
Funções corporais requeridas
Estruturas corporais requeridas

Factores do cliente
Funções corporais
Estruturas do Corpo

(ESTSP-IPP, 2002).






O PROCESSO DA TERAPIA OCUPACIONAL: AVALIAÇÃO, INTERVENÇÃO E RESULTADOS

O processo de prestação de serviços da Terapia Ocupacional começa pela avaliação das necessidades, problemas e preocupações do cliente. A compreensão do cliente como um ser ocupacional, para o qual o acesso e participação em actividades significativas e produtivas é um aspecto central para a sua saúde e bem-estar, é a perspectiva que torna a Terapia Ocupacional única.
Os problemas e preocupações que são considerados na avaliação e intervenção são, também, enquadrados de uma forma ímpar, pela perspectiva ocupacional e são definidos como problemas ou riscos no desempenho ocupacional.
Durante a intervenção, a ênfase mantêm-se na ocupação e os esforços são dirigidos para facilitar uma melhoria no envolvimento em ocupações. No processo de intervenção, são utilizadas uma variedade de actividades terapêuticas, incluindo o envolvimento nas ocupações e actividades da vida diária actuais

Organização do Processo




O processo, na perspectiva do Enquadramento da Pratica da Terapia Ocupacional, é organizado em três secções que descrevem o processo de prestação de serviços.

AVALIAÇÃO:



Perfil Ocupacional – É o passo inicial no processo de avaliação que proporciona uma compreensão da história ocupacional do cliente, os padrões da vida diária, interesses, valores e necessidades. São identificados os problemas e preocupações do cliente sobre o seu envolvimento em ocupações e são determinadas as prioridades do cliente. (Quem é o cliente?; Porque é que o cliente está à procura de serviços?; Quais as áreas de ocupação que têm sucesso ou que estão a causar problemas ?; Quais os contextos que suportam ou impedem os resultados desejados? ; Qual é a história ocupacional do cliente?; Quais são as prioridades do cliente e quais são os resultados pretendidos ?)

Análise do Desempenho Ocupacional – É o passo, no processo de avaliação, durante o qual os problemas, potenciais problemas ou as qualidades positivas são mais especificamente identificadas. O desempenho actual é, muitas vezes, observado no contexto para identificar o que suporta e o que inibe o desempenho. As competências para o desempenho, os padrões de desempenho, os contextos, os requisitos das actividades e os factores inerentes ao cliente são todos considerados, mas apenas os aspectos seleccionados podem ser especificamente avaliados. Os resultados pretendidos são identificados.

INTERVENÇÃO



Plano de Intervenção – É o plano que guiará as acções tomadas e que é desenvolvido em colaboração com o cliente. É baseado em teorias seleccionadas, quadros de referência e evidências. Os resultados que se pretendem alcançar são confirmados.

Implementação da Intervenção – Acções contínuas realizadas para influenciar e suportar o desempenho melhorado do cliente. As intervenções são dirigidas para se alcançar resultados identificados. As respostas do cliente são monitorizadas e documentadas.

Revisão da Intervenção – è uma revisão do plano e processo implementado à medida que se progride para os resultados pretendidos.

RESULTADOS (Envolvimento na Ocupação para Suporte à Participação)



Resultados – Determinação do sucesso obtido na tentativa de alcançar os resultados pretendidos. A informação da avaliação dos resultados é utilizada para planear acções futuras com o cliente e para avaliar o programa do serviço (ex.: avaliação do programa).

A descrição do processo ajudará as audiências externas a compreender como os Terapeutas Ocupacionais aplicam o seu conhecimento e competências para ajudar as pessoas a concretizar as actividades da vida diária que suportam a função e sua saúde. O Terapeuta pode aplicar o Enquadramento para avaliar a sua prática corrente e considerar novas aplicações em áreas de prática emergentes.
No ensino, pode-se considerar o Enquadramento útil para ensinar o modelo de prestação de serviços centrado no cliente e facilitador de envolvimento na ocupação como suporte à participação activa na vida (ESTSP-IPP, 2002).




Bibliografia:



. ESTS-IPP: Departamento de Avaliação e Intervenção Terapêutica, Enquadramento da Prática da Terapia Ocupacional: Domínio e Processo, 2002

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