Avaliação: TPBA – Avaliação Transdisciplinar Centrada no Jogo




Introdução

O modelo TPBA centra-se naquilo que as crianças mais gostam de fazer - brincar - observa-se a criança comprometida com as tarefas e actividades que lhe são mais significativas. Esta avaliação deve ser feita por uma equipa que vai trabalhar no sentido de um esforço cooperativo. É necessário também envolver os pais/educadores da criança. Neste tipo de avaliação as vantagens são várias para todos os intervenientes. Para a criança, a situação é menos ameaçadora e muito mais divertida. Assim, a criança terá maior oportunidade para demonstrar uma gama mais completa de comportamentos no seu reportório. Para os pais, o processo tem muito mais significado e torna-se menos frustrante. Uma vez que a criança é avaliada em actividades bastante parecidas com as que ocorrem na sua vida diária em casa, os pais podem participar activamente. Para os profissionais da equipa, é uma forma de observar a criança em conjunto e uma forma de partilhar informação.
O processo permite assim, uma observação holística da criança através da avaliação colectiva.
O TPBA envolve a criança em situações de jogo estruturadas e não estruturadas, com um facilitador, os pais e até outra criança. É destinado à observação do desenvolvimento nos domínios cognitivo, sócio-emocional, comunicação e linguagem e o sensório-motor.
O processo deve ser conduzido num ambiente de brincadeira. Geralmente, usa-se uma sala de intervenção com crianças ou uma sala de jardim-de-infância, pois são locais já preparados com materiais que promovem o brincar. Também é possível utilizar a casa da criança e pode-se complementar o ambiente com brinquedos e materiais trazidos pela equipa. Uma vez que todas as áreas de desenvolvimento são avaliadas, é necessário incluir brinquedos e recursos que facilitem a exploração, a manipulação, a resolução de problemas, a expressão emocional e as capacidades de linguagem (Linder, 1995).


Sessão de avaliação baseada no TPBA

Uma sessão de avaliação para crianças com PEA pode ser delineada segundo uma Avaliação Transdisciplinar Centrado no Jogo – TPBA.
O TPBA é um processo de avaliação iniciado a partir da informação revelada pelos pais acerca do nível de desenvolvimento da criança, que é de seguida utilizada no planeamento da sessão de brincar. Os brinquedos e materiais apropriados à idade da criança são colocados de forma a aliciá-la a brincar, utilizando várias estratégias e habilidades. Um dos membros da equipa actua como facilitador, encorajando a criança na expressão das suas capacidades.
O processo é dividido em fases. Inicialmente, os pais integram a sessão com a criança e ficam com ela até que esta se sinta confortável com o facilitador.
A fase I inicia-se com jogo não estruturado, durante o qual a criança lidera a brincadeira e o facilitador apenas imita, modela e expande. Esta fase dura cerca de vinte minutos.
Na fase II, permite-se o jogo estruturado para incorporar aspectos que não foram demonstrados, espontaneamente, pela criança. Nesta situação pretende-se iniciar o jogo cooperativo com a criança, para avaliar outras competências de socialização, interacção, etc. Dura cerca de 15 minutos.
Durante a fase III introduz-se outra criança de forma a observar-se a interacção entre pares.
A fase IV destina-se à observação da interacção da criança com os pais durante a brincadeira estruturada e não estruturada. Quando os pais se retiram novamente da sala, a equipa pode avaliar os comportamentos da criança perante a separação e reunião.
Na fase V inclui-se o jogo motor estruturado e não estruturado.
A fase final (VI) permite avaliar as competências da criança durante a alimentação, proporciona-se um lanche para avaliar outras competências, como por exemplo a motricidade orofacial, a interacção da criança enquanto come, etc. Se necessário, inclui-se uma fase de vestir e/ou de higiene para se verificar outras habilidades a nível das rotinas diárias da criança.
Por vezes, a filmagem da sessão é recomendada, pois a sua análise e comparação com a informação recolhida, vai possibilitar documentar o progresso da criança.
Após a sessão, são seguidos determinados passos de forma a levar a equipa a definir o plano de intervenção para a criança. Realiza-se uma reunião com o facilitador e os observadores para se discutir impressões, partilhar informações e formular questões. De seguida, analisa-se o vídeo, o que permite a observação de comportamentos negligenciados durante a sessão. Posteriormente, correlacionam-se as observações e as “guidelines” de desenvolvimento, o que vai possibilitar a determinação daquilo que a criança já consegue fazer e, consequentemente, do que está pronta para fazer. Logo a seguir, completam-se as folhas de sumário que acompanham as “guidelines” de observação e desenvolve-se em equipa um plano preliminar de recomendações. De seguida, numa reunião de equipa prepara-se o planeamento do programa. Finalmente, escreve-se um relatório formal onde se inclui o desempenho quantitativo e qualitativo da criança e que vai servir como base para o planeamento da intervenção (Linder, 1995).




Referências bibliográficas:

Linder T. (1995), Transdisciplinary Play-Based Assessment, Paul H. Brookes Publishing Co.

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