Entrevista a Pais de crianças com PEA





Entrevistamos a Mãe de uma menina com autismo de 5 anos, que nos disponibilizou informações importantes sobre a sua experiência na educação da L., que esperamos que sejam úteis para outros pais.



Estudantes TO – Que tipo de intervenção recebeu a L.?



Mãe da L.- Inicialmente fiz um teste de despiste genético, porque a minha irmã também teve um filho com autismo. No entanto, não apareceu nada no teste. Explicaram-nos que apenas casos graves de autismo é que se revelavam no genoma.
Aos 2 anos, a L. esteve num sistema de internamento no Hospital Maria Pia, onde tinha sessões de intervenção das 9h as 13h, com terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, psicólogos, enfermeiros especializados, etc. Também tentei no UADIP, mas lá as sessões são limitadas no tempo.
Recentemente, tomei conhecimento que havia em Lisboa, o Dr. Pedro Caldeira, que introduziu em Portugal a abordagem de Floortime. A L. adora o Floortime, principalmente porque os pais também participam e assim ela não tem de se separar de nós, e porque a L. faz aquilo que gosta. Além disso, ela acaba por comunicar porque está motivada na sessão.
Agora, já tem humor, já se ri da irmã quando deixa cair coisas ao chão e está muito feliz. E isso é o mais importante.
O que me preocupava mais era o controlo dos esfíncteres, porque ela precisa de tratar das suas necessidades fisiológicas sempre à mesma hora, e apesar de os pais terem direitos quanto aos empregos, muitas vezes não conseguia chegar a casa à hora do lanche, que é a hora em que a L. sentia necessidade de defecar, e então ela ficava semanas sem ir à casa de banho, porque a rotina era alterada. No entanto, agora já consigo sair mais cedo do emprego, e esta situação já está resolvida.
Agora, ela tem várias sessões por semana de terapia da fala e de psicoterapia.
Para falar, a L. só consegue dizer algumas sílabas iniciais ou finais de palavras, por isso usa o código universal de cores, a partir de argolas para comunicar.



Estudantes TO – A L. frequenta a escola regular?



Mãe da L. - Sim, ela está na sala da pré e até reage bem em ficar lá sem os pais.



Estudantes TO – Tem apoio na escola?



Mãe da L. - Sim, ela tem a educadora, a tarefeira, a professora de ensino especial e a terapeuta da fala.



Estudantes TO – Neste momento tem intervenção da T.O.?
Mãe da L. - Não, como ela já teve nos primeiros anos a intervenção de vários técnicos, incluindo o de terapeutas ocupacionais, disseram-nos que para já não é necessário.



Estudantes TO – Quer deixar uma mensagem para outros pais?



Mãe da L. - Quero dizer que é importante intervir o mais cedo possível, e devem sempre tentar intervir com o máximo de recursos possíveis, porque por mais pequenas que sejam as coisas que conseguimos obter da intervenção, são sempre muito importantes e valem muito. Se não se intervir, pode sempre piorar mais, é importante ter isso em conta.
E, possivelmente a L. não entrará na escola primária com o currículo normal, mas mesmo assim vamos continuar a treinar as palavras e os números, e ela pode demorar mais tempo a alcançar os objectivos, mas vai sempre alcançar outras coisas muito importantes.




Queremos deixar um agradecimento especial à Mãe da L. pela excelente colaboração e disponibilidade.

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