Tecnologias de Apoio: SAAC



"Se perdesse todas as minhas capacidades,
todas elas menos uma, escolheria ficar
com a capacidade para comunicar,
porque com ela depressa recuperaria
tudo o resto…"


Daniel Webster




Tecnologias de Apoio

O termo “tecnologias de apoio”, pode ser definido como: “ qualquer item, peça de equipamento ou sistema de produtos que, quando adquiridos comercialmente, modificados ou feitos sob medida, serão utilizados para aumentar, manter ou melhorar as competências funcionais do indivíduo com limitações funcionais” (Technology- Related Assistance for Individuals with Disabilities Public Act 100.407, 1988).


A prescrição de um item de tecnologias de apoio demanda um processo integrado e equilibrado que envolve o terapeuta e a equipa transdisciplinar. Devem ser seguidas as seguintes etapas:
1.Avaliação da criança.
2.Avaliação dos dispositivos actualmente utilizados pela criança.
3.Avaliação das necessidades da família e a criança.
4.Prescrição do item de tecnologia de apoio.
5.Desenvolvimento do projecto.
6.Treino do uso da tecnologia de apoio, com a criança e família.
7.Acompanhamento durante a utilização do item.
8.Reavaliações periódicas que podem levar a adaptações, modificações ou substituição de dispositivos.




Sistemas Aumentativos e Alternativos de Comunicação
A comunicação é a forma que se tem de interagir, trocar informações, conhecimentos, transmitir e compartilhar sensações, pensamentos e sentimentos. A fala é o elemento mais funcional e rápido do ser humano que permite uma comunicação efectiva.
A comunicação alternativa e aumentativa implica o uso de formas não faladas como complemento ou substituto da linguagem falada:
A comunicação alternativa é qualquer forma de comunicação diferente da fala e usada por uma pessoa em contextos de comunicação frente a frente. Os signos gestuais, os signos gráficos, o código Morse, a escrita, entre outros, são formas alternativas de comunicação para indivíduos que não são capazes de comunicar pela fala.
A comunicação aumentativa diz respeito à comunicação complementar ou de apoio. A palavra “aumentativa” salienta que o ensino das formas alternativas de comunicação tem um duplo objectivo: promover e apoiar a fala e garantir uma forma de comunicação alternativa se a pessoa não aprender a falar.
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As crianças que apresentam problemas de fala podem necessitar de comunicação alternativa para aprender a falar ou para aumentar a sua comunicação e tornar a fala mais compreensível. A implementação dos SAAC vem apoiar estas crianças, no desenvolvimento de possibilidades comunicativas, tornando-as activas nas relações interpessoais, mesmo quando não têm a fala funcional.
Os SAAC podem ser sistemas que não necessitam de ajuda externa (sistemas sem tecnologia), e sistemas que necessitam de ajuda externa (sistemas com alta e baixa tecnologia). A distinção entre comunicação com ajuda e sem ajuda e entre comunicação dependente e independente refere-se a formas diferentes de comunicação alternativa (Stephen von Tetzchner, Martinsen, H., 2000):
A comunicação com ajuda compreende todas as formas de comunicação em que a expressão da linguagem exige o uso de qualquer instrumento exterior ao utilizador. Os signos são seleccionados. Tabelas e comunicação, dispositivos com fala digitalizada, computadores e outros tipos de tecnologias de apoio para a comunicação fazem parte desta comunicação. Apontar um signo gráfico ou uma imagem é comunicação com ajuda, porque o signo ou a imagem são a expressão comunicativa.
A comunicação sem ajuda compreende formas de comunicação nas quais quem comunica tem que criar as suas próprias expressões da linguagem. Os signos são produzidos. O caso mais vulgar de comunicação sem ajuda é o dos signos gestuais, mas o código Morse também faz parte desta categoria, porque o próprio utilizador produz cada letra em Morse. Piscar o olho para indicar “sim” ou “não” é também uma forma de comunicação sem ajuda. O mesmo se aplica ao vulgar apontar e a outros gestos, pois nesta circunstância o acto de apontar é a expressão comunicativa.
A comunicação dependente significa que quem comunica depende de outra pessoa que devera interpretar o significado do que é expresso. São exemplos disso a comunicação através de tabelas com letras simples, palavras ou signos gráficos, mas também as pessoas que usam signos gestuais podem necessitar de um parceiro para interpretar os signos.
A comunicação independente significa que a mensagem é formulada na totalidade pelo indivíduo. É esse o caso da comunicação através de dispositivos com fala digitalizada ou sintetizada, capazes de dizer frases inteiras, ou através de tecnologias de apoio em que a mensagem é escrita em papel ou num ecrã.










Os elementos que fazem parte dos sistemas alternativos de comunicação são signos gestuais, gráficos e tangíveis. O termo “sistema de signos” pode ser usado para descrever conjuntos destes signos (Stephen von Tetzchner, Martinsen, H., 2000):
· Os signos gestuais incluem a língua gestual dos surdos e outros signos realizados com as mãos.
· Os signos gráficos incluem todos os signos produzidos graficamente (Bliss, SPC, PIC, Rebus, etc.).
· Os signos tangíveis são geralmente feitos em madeira ou plástico, podendo apresentar formas e texturas diferentes. Alguns destes signos são realizados para cegos ou indivíduos com deficiência visual e podem ser designados como “signos tácteis”.




A avaliação para a utilização os SAAC envolve a terapia da fala e a terapia ocupacional, e deve ser direccionada pelos seguintes pontos:
· Forma actual de comunicação
· Tipos de temas que são comunicados
· Funções perceptivas e cognitivas
· Capacidade física (mobilidade, controle de cabeça, postura ao sentar, controle de braços, mãos e dedos, fala)
· Competências funcionais e adaptações necessárias
· Aspecto socioemocional
O treino do uso dos sistemas na vida diária da criança é um dos papéis mais importantes do TO neste processo. A integração do sistema no quotidiano em casa, na escola, ou noutros ambientes sociais, com o apoio do cuidador, é um dos objectivos do terapeuta. Durante todo o processo terapêutico, valoriza-se a participação da família, principalmente do cuidador, que auxilia na comunicação da criança no dia-a-dia. Nesta relação entre o cuidador e a criança devem ser analisadas competências de trocas de turno, interpretação, iniciativa, desejo e o interesse comunicativo.





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