Epidemiologia







O primeiro estudo epidemiológico sobre autismo foi realizado em 1966 na Inglaterra, por Lotter, que encontrou uma taxa de 4,1 para 10.000 crianças entre 8 e 10 anos. Desde então, dezenas de estudos epidemiológicos vêm sendo publicados, observando-se um considerável aumento nas taxas de prevalência com o passar dos tempos, deixando de ser um transtorno raro. Durante o período de 1966 a 1991, a taxa média para autismo infantil encontrada nos estudos era de 4,4/10.000. Posteriormente, a prevalência atingiu 12,7/10.000 nos estudos realizados até 2001, sendo que os índices mais atuais sugerem 10 para 10.000 indivíduos com autismo clássico e cerca de 30 a 60 para 10.000 para o espectro autista (Williams, Brayne & Higgins, 2006).


Estudos desenvolvidos em Portugal (Oliveira, G et al., 2000) apontam para números como – 1 caso em cada 1000 crianças. Estes estudos revelam ainda que a prevalência de autismo nas crianças do Norte do país é metade da verificada no resto de Portugal, sendo que nas regiões do Centro, Lisboa, Vale do Tejo e Açores a prevalência ronda 1,5 autistas por mil crianças.




Existem evidências na literatura de que há uma maior incidência de autismo em meninos do que em meninas, sendo a proporção de 4 meninos para cada menina (Charman, 2002). Interessante que esta taxa tende a ser menor na presença de retardo mental (2:1) (Klin, 2006).




Algumas razões vêm sendo descritas na literatura para tentar explicar este possível aumento na prevalência de autismo, sendo elas:

1) a ampliação do conceito do autismo, que passou a ser entendido como um espectro de condições;


2) maior consciencialização de clínicos e da comunidade sobre as manifestações do autismo;


3) detecção mais eficiente dos casos sem deficiência mental e reconhecimento de que o autismo pode estar associado a outras condições;


4) melhoria nos serviços de atendimento a esta população, o que incentiva o diagnóstico;


5) aumento de estudos epidemiológicos com grandes populações, o que contribui para a detecção de novos casos;


6) mudanças na metodologia dos estudos (idade da amostra e critérios de diagnóstico);


7) possibilidade de um verdadeiro aumento do número de casos, associada a um provável aumento dos factores de risco (causas ambientais) (Fombonne, 2003; Williams, Brayne & Higgins, 2006).





Bibliografia:
Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo. Acedido a13 de Janeiro de 2009, em
http://www.appda-lisboa.org.pt/federacao/autismo.php

Volkmar, F., Paul, R., Klin, A., Cohen, D. (2005) Handbook of Autism and Pervasive Developmental Disorders: diagnosis, development, neurobiology and behaviour (3ªed.), John Willey & Sons, Inc.: New Jersey.


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